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Foto do escritorPedro Bugim

Conquistas Brasileiras no Equador

Atualizado: 11 de mar. de 2020

Durante nossa viagem de férias ao Equador, com propósito de fazermos alta montanha e turismo, arranjamos um tempinho (e espaço na mala para os equipamentos), para conquistar três novas vias neste país espetacular!

Laura Petroni e Pedro Bugim no cânion do Acantilado de San Juan, com o Vulcão Chimborazo (6.268m) ao fundo
Laura Petroni e Pedro Bugim no cânion do Acantilado de San Juan, com o Vulcão Chimborazo (6.268m) ao fundo

Curiosamente, esta seria nossa primeira viagem com duração de um mês completo e nossa primeira opção não era o Equador. Mas como deixamos o planejamento para muito em cima da hora, ao buscar passagens aéreas, acabamos nos assustando com os valores elevados. Assim, decidimos eleger algum país que ainda não conhecíamos, mas que possuísse altas montanhas, e, óbvio, com a passagem "menos cara" possível.


Conseguimos passagem de ida e volta (taxas inclusas) por pouco mais de R$1.800,00, com uma rápida escalada em São Paulo, com destino a Quito, Equador, pela companhia Gol. Também não era nossa primeira opção de companhia aérea, mas a economia falou mais alto e lá fomos nós!


Um fato interessante no Equador é que eles utilizam como moeda nacional, o dólar americano. Positivo nisso, é que caso sobre algum dinheiro da viagem, o mesmo pode ser reaproveitado à posteriori. Além disso, apesar da moeda utilizada, os valores praticados no país são bem acessíveis (alimentação, transportes e hospedagem), de modo que o dinheiro rende bem (obviamente precedendo de um pouco de pequisa e sabedoria na hora de gastar). A cotação de troca na época de nossa viagem estava em R$3,89 para cada dólar.

Parte do equipamento levado na viagem...
Parte do equipamento levado na viagem...

Começamos nossa jornada no dia 23/07/2019, dia exato em que eu e Laura completamos 3 anos juntos. Ok... comemorar passando o dia dentro de aeroportos e aviões não era a nossa primeira escolha (rs...), mas estávamos felizes por podermos compartilhar nossa sétima viagem para alta montanha juntos! E o desafio inicial não foi dos mais simples: transportar os 105Kg de equipamentos (de escalada, conquista, roupas e agasalhos, material de camping, botas duplas, campons, piolets, parafusos de gelo, equipamento de cozinha etc). Mas sem grandes contratempos, chegamos em Quito, capital do Equador, por volta das 23h.


Outro grande acerto em nossa viagem foi alugarmos um quarto em um apartamento, via Airbnb. Nas outras viagens, ficávamos "pulando" de hostel em hostel, buscando bons preços, boas acomodações e boas localidades, o que sempre foi um enorme desafio, considerando todas essas variáveis, além de considerar vagas e o trânsito dos equipamentos entre hospedagens. Desta vez, tínhamos uma base fixa, confortável e com todas as comodidades possíveis, em um dos melhores bairros da cidade, a um valor bem atrativo: R$825,00 por 30 dias! Para quem tiver interesse, nosso aluguel foi feito neste anúncio, em um apê quase na esquina da Presidente Wilson com a Av. 6 de Diciembre (uma das principais da cidade).

Vista de Quito, com o vulcão Rucu Pichincha (4.784m) ao fundo
Vista de Quito, com o vulcão Rucu Pichincha (4.784m) ao fundo

Quito é uma cidade com clima agradável, situada a aproximadamente 3 mil metros de altitude, com várias praças / parques, restaurantes, mini mercados e como qualquer cidade grande, possui áreas mais nobres e outras mais desfavorecidas. Este contraste é bem aparente em determinados pontos, mas nada que tire o brilho do local. No bairro que ficamos (La Mariscal), há diversas opções de alimentação, sobretudo na badalada Plaza Foch. Perto também há algumas opções de lojas de montanha, mas os preços, ao contrário da alimentação, não são muito atrativos. Algumas lojas que visitamos foram a Los Alpes, Tatoo e Cotopaxi.


Logo que chegamos, fizemos um breve passeio pelo famoso centro histórico da cidade, o maior e mais bem preservado das Américas, sendo também declarado pela UNESCO como o primeiro patrimônio cultural da humanidade. Confesso que não estávamos com a cabeça focada em turismo, de modo que no dia seguinte, fomos conhecer as escaladas do local conhecido como "Las Canteras".

Setor de baixo de Las Canteras, Quito - Equador
Setor de baixo de Las Canteras, Quito - Equador

"Las Canteras" é formada basicamente por dois grandes blocos rochosos, nos quais as primeiras vias de escalada e rapel do Equador foram abertas. O acesso é bem simples, bastanto ir de carro (ou táxi) até a base, ou ir de ônibus até a Plaza Argentina e caminhar por uns 15 minutos sobre o túnel Guayasamin, na Antiga Via a Cumbaya. Apesar de curtas, as vias são bem interessantes, com graduações entre o 4° e o 8° grau, entre linhas protegidas por chapeletas ou proteções móveis. Acabamos fazendo quatro vias. As duas primeiras no bloco superior: ambas sem nome (graduadas em VIIa e V), e duas no bloco inferior: "Ojo Roma" (VIsup) e "La Fissura" (V - Móvel). Todas com um tamanho entre 10 e 15 metros. Diversão garantida!

Laura Petroni escalando no setor de cima de Las Canteras, Quito - Equador
Laura Petroni escalando no setor de cima de Las Canteras, Quito - Equador

Com o corpo mais aclimatado, fizemos o Vulcão Rucu Pichincha* (4.748m) e na sequência, após mais um dia de descanso na cidade, partimos para o vulcão Guagua Pichincha (4.784m), vizinho do Rucu, mas com um acesso relativamente mais complexo e com meros 36 metros a mais.


*ATENÇÃO! A descrição sobre as ascensões às altas montanhas será detalhada em outro post. ;-)


Para o Guagua Pichincha, fomos de Uber até um povoado chamado Lloa, em uma corrida de pouco menos de uma hora, o que nos custou pouco menos de 10 dólares. Sim, os táxis, Ubers e Cabifys por lá são bem baratos, comparados com o Brasil, sobretudo por conta do preço atrativo do combustível (menos de 2 reais o litro). De Lloa, a facada foi grande: tivemos que contratar uma caminhonete 4x4 para percorrer os 14 quilômetros de subida ao refúgio do Guagua Pichincha, o que nos custou a "bagatela" de 60 dólares (contando com a ida e o retorno, no dia seguinte), em uma corrida de aproximadamente 40 minutos.

Laura Petroni, ao amanhecer, junto à caverna onde acampamos, com os inúmeros vulcões no horizonte
Laura Petroni, ao amanhecer, junto à caverna onde acampamos, com os inúmeros vulcões no horizonte

O refúgio do Guagua na verdade não está aberto à visitantes. Trata-se de uma instalação localizada a 4.550m de altitude, reservada ao pessoal que trabalha no monitoramento das atividades vulcânicas da região. Apesar da possibilidade de visita desta região, o Guagua é um vulcão ativo e teve sua última grande erupção no ano de 1999 (bem recente!). Do seu topo, é possível ver de perto as fumaças que saem de sua cratera, assim como sentir facilmente o cheiro de enxofre.


Ao chegarmos no refúgio, colocamos as mochilas nas costas e fizemos uma curta trilha até a base das imponentes paredes, localizadas a 50 metros verticais da construção. Mesmo sendo um percurso diminuto, com todo o peso que carregávamos, este trajeto levou cerca de 20 minutos e foi bem penoso, também por conta da altitude. Mas para nossa sorte, há uma bela caverna na base da parede, que, apesar de pequena, foi perfeita para estabelecermos acampamento.

Pedro Bugim iniciando a conquista da "Rura de Los Brasileños" (5° VIIb E2 D1 - 80m - Mista), Vulcão Guagua Pichincha, Equador
Pedro Bugim iniciando a conquista da "Rura de Los Brasileños" (5° VIIb E2 D1 - 80m - Mista), Vulcão Guagua Pichincha, Equador

Após almoçarmos e descansarmos um pouco, comecei a procurar as vias existentes, assim como busquei as linhas mais atrativas para novas vias. E são MUITAS! Fiquei simplesmente maravilhado com o potencial do lugar, que contava com apenas 7 vias. Maiores informações das escaladas por lá, podem ser acessadas aqui (ainda sem os dados da nossa conquista). Apesar de visualizar inúmeras linhas menores e menos complexas, decidi fazer nossa investida exatamente na parte central da parede principal, afinal, tínhamos dois dias para concluir o projeto.


A grande problemática de conquistar por lá, além da altitude (a base fica aos 4.600m de altitude), foi o vento e o frio. Escalar com cerca de 10 quilos de equipamento no corpo, casacos de pena de ganso, gorro, duas calças... e ainda ter os pés e as mãos congeladas a cada passada foi de fato tenebroso. Ainda mais porque o tempo estava extremamente fechado, com uma leve chuva/geada em determinados momentos e um vento assustador. Cada metro vencido era comemorado com euforia... Cada proteção colocada, uma nova vitória!

Laura Petroni, chegando à P1 da "Ruta de Los Brasileños" (5° VIIb E2 D1 - 80m - Mista)... Sofrimento!
Laura Petroni, chegando à P1 da "Ruta de Los Brasileños" (5° VIIb E2 D1 - 80m - Mista)... Sofrimento!

A via inicia em lances que pareciam ser fáceis, mas no final, se mostraram bem complexos, na casa do 5° e 6° grau. Na sequência, uma parte mais fácil até atingir o primeiro crux da via: uma leve barriga feita em oposição e força. Devo ter perdido uns 30 minutos só neste lance, graduado em 7°a. Tentei exaustivamente diferentes movimentos até que finalmente consegui encaixar uma sequência delicada e forte ao mesmo tempo, vencendo aquele obstáculo. Rapidamente posicionei uma chapeleta acima do lance, voltando em seguida, para intermediar, pois havia ficado demasiado longo.


Após o primeiro crux, a via segue por lances bem verticais, em agarras incríveis, lembrando um pouco a via dos Italianos, na Urca, embora a rocha seja completamente distinta. 50 metros após o começo e 3 horas depois, cheguei à primeira parada, onde bati duas chapeletas. O relógio já indicava as 17h e o tempo começara a ter uma leve piora. Em verdade, a via poderia facilmente ter sido finalizada por aí, condizendo com algumas vias vizinhas, que possuíam entre 12 e 60 metros, com algumas não fazendo cume. Fato é que ainda existia parede para cima e eu estava disposto a prosseguir. Mas não no mesmo dia.


A descida foi feita em meio a um vendaval alucinante, o que me fez duvidar da possibilidade de voltar à conquista no dia seguinte. Mesmo assim, mantive as cordas fixas e após uma breve janta, eu e Laura fomos dormir.

Pedro Bugim na segunda e última parada da "Ruta de Los Brasileños" (5° VIIb E2 D1 - 80m - Mista)
Pedro Bugim na segunda e última parada da "Ruta de Los Brasileños" (5° VIIb E2 D1 - 80m - Mista)

Acordamos por volta das 7h da manhã, estranhando a calmaria ao redor. Saí da barraca em meio a um frio de rachar, mas com um tempo perfeitamente limpo! Aquela segunda feira, dia 29/07/2019 estava completamente diferente do dia anterior. O sol tentava chegar na parede, mas a posição de ambos não permitia. Isso fazia com que a rocha estivesse absurdamente gelada. Por isso, decidimos ocupar a manhã fazendo a trilha ao cume do Guagua Pichincha. Levamos cerca de 3 horas até o cume, sendo brindados com uma vista panorâmica de 360° e praticamente sem nenhuma nuvem. Foi a nossa primeira vista dos estonteantes vulcões do Equador... o já vencido Rucu Pichincha estava praticamente ao nosso lado. Mais ao fundo, no horizonte, era possível ver o Cotopaxi, Antisana, Illinizas, Cayembe, Chimborazo.... muito emocionante mesmo!


Voltamos ao acampamento por volta das 11h da manhã e rapidamente, nos equipamos novamente. Subir pelas cordas fixas naquele frio foi uma tarefa árdua. Ao chegar na parada, montei a segurança da Laura, que congelava na base. Achei que sua situação seria melhor escalando, mesmo porque eu precisava dela na P1 para poder continuar a conquista. Mas de fato a via ficou exigente e o frio não ajudava, conferindo grande esforço por parte dela para subir cada centímetro. Entre resmungos e consolos, Laura chegou inteira à parada, rapidamente se posicionando para me dar segurança.

Laura Petroni no rapel da "Ruta de Los Brasileños" (5° VIIb E2 D1 - 80m - Mista)
Laura Petroni no rapel da "Ruta de Los Brasileños" (5° VIIb E2 D1 - 80m - Mista)

A segunda enfiada começa em um bonito diedro todo protegido em móvel, com peças médias. Suavemente ele vai ganhando verticalidade e dificuldade, até encontrar uma parte negativa. Este trecho constituiu o crux da via, graduado em VIIb, protegido em peças grandes (camalot #4 e #5), feito em um lance "de boulder" no início, utilizando uma enorme agarra alta, ao lado esquerdo da fenda. Após se erguer o suficiente por esta agarra, fazendo tesoura entre as paredes do diedro, volta-se à fenda frontal, em oposição e entalamento, para alcançar a borda superior. Mais um lance de força e domínio, para sair do negativo e chegar em terreno mais amigável. Ufa... Essa deu trabalho! Deste ponto em diante, sobe-se cerca de 10 metros "burocráticos" em terreno instável, mas de fácil graduação, até a segunda e última parada dupla da via.

O rapel não poderia ter sido tranquilo também... Com corda de 60 metros, desci com uma única até a P1, onde estava Laura. Fui retirando as peças móveis enquanto a Laura fazia contrapeso na corda, para eu não "varar" para o negativo da esquerda do diedro. Já a primeira enfiada, decidi descer emendando duas cordas, o que se mostrou a pior escolha possível, pois ao chegar ao solo, me dei conta que o arrasto era enorme, impossibilitando o recolhimento delas. Voltei então a subir pelas cordas fixas, até a altura de 25m, onde dupliquei uma parada, criando assim uma forma de rapelar a via em três vezes, sempre com uma única corda.

No segundo dia, tivemos cerca de duas horas e meia de trabalho na parede, finalizando a então mais longa via do local. A batizamos como "Ruta de Los Brasileños" (5° VIIb D2 E1 - 80m - Mista), por motivos óbvios. Além disso, há uma via à esquerda nomeada "Ruta de Los Franceses"... Descemos no mesmo dia para Quito, já ao anoitecer, exaustos, porém extasiados.


Nas duas semanas seguintes, fizemos uma caminhada de 13 Km ao redor da borda de um vulcão extinto, na Laguna Quilotoa (com altitude média de 3 mil metros). Fizemos o Illiniza Norte (5.126m), subi o Cotopaxi (5.897m), sofremos, mas subimos o vulcão Chiles (4.723m), na divisa com a Colômbia... Enfim, tivemos nossa boa parcela de altas montanhas. Mas com tempo disponível e com um carro que alugamos, resolvemos conhecer mais um famoso point de escaladas do Equador: o Acantilado de San Juan.


O Acantilado de San Juan, também conhecido como "Chorreras de San Juan", por causa da cachoeira homónima existente na região, trata-se de uma área ESPETACULAR de escaladas, a uma altitude de 3.700m, justo ao lado da montanha mais alta do país, o Chimborazo (6.268m). Por lá, existem centenas de vias de todos os tipos: esportivas, tradicionais, fáceis, difíceis... Há um ótimo vídeo sobre o local, que vale à pena assistir, clicando aqui. Croquis e informações de como chegar, podem ser vistas aqui e aqui.


Seguimos para este local no dia 12/08/2019, já ao entardecer, logo após alugarmos o veículo. O problema é que nossas informações não estavam muito confiáveis e, já no escuro, acabamos ficando na dúvida se estávamos no lugar certo ou não, após dirigirmos mais de 3 horas. A decisão foi de dormirmos no carro, em um bom recuo encontrado na beira da estrada. Noite tranquila e confortável, já que estávamos com sacos de dormir para -40°, muitos alimentos e bebidas.

Pedro Bugim e Laura Petroni dormindo no carro, próximo ao Acantilado de San Juan
Pedro Bugim e Laura Petroni dormindo no carro, próximo ao Acantilado de San Juan

Acordamos cedo no dia 13 e, com a luz do dia, tivemos a feliz constatação de estarmos a pouquíssimos quilômetros da área de escaladas. Para nossa infelicidade, tratava-se de mais um dia de tempo fechado, vento furioso e frio insuportável. Ficamos um tempo no carro e depois, dentro do refúgio que há na beira da estrada, justo à frente da trilha de acesso ao cânion onde as escaladas ficam. A Chakana Camping Lodge possui quarto compartilhado e algumas poucas opções de refeições, mas pode ser uma boa opção para quem não deseja acampar sujeito às intempéries da região (todavia, os preços não são muito atrativos).


Finalmente, tomamos coragem e, com todo equipamento de escalada e conquista nas costas, fomos em busca de mais paredes virgens. A caminhada de acesso ao cânion é simplesmente incrível: sempre em descida, passa por uma estreita ponte de barro sobre a parte mais afunilada do vale, com um senhor buraco ao fundo. Logo após, contorna a borda direita do cânion para enfim descer ao seu fundo, de frente à cachoeira chamada de La Chorrera de San Juan. Difícil colocar em palavras a beleza deste cenário, tendo ainda, o Chimborazo ao fundo.

Laura Petroni na La Chorrera de San Juan, Acantilado
Laura Petroni na La Chorrera de San Juan, Acantilado

Chegamos nas bases das vias já existentes por volta das 13 horas. Ficamos vários minutos admirando as linhas e a paisagem em si, para então começar a buscar opções para novas vias. Andamos pelo vale por um bom tempo, até que, mais para o fundo, visualizei uma parede bem interessante, na qual eu não havia visto informações de vias. O interessante desta parede é que, diferente da grande maioria do local, não possuía fendas e aparentemente, teria eventuais passadas em aderência, técnica muito pouco presente no Equador.

Pedro Bugim no Acantilado de San Juan, com o Chimborazo ao fundo
Pedro Bugim no Acantilado de San Juan, com o Chimborazo ao fundo

Constatei que tratava-se mesmo de uma parede sem vias e com boas possibilidades. Neste momento, o vento apertou e a chuva começou a cair. Literalmente, banho de água fria... Mas eu estava tão focado, que nada conseguiria abalar minha determinação! Terminei de colocar o equipamento, apertei a sapatilha, coloquei o casaco de pluma de ganso e, na segurança atenta da Laura, iniciei mais uma via.

Pedro Bugim na conquista da "Pilsener" (IVsup E1 - 23m), Acantilado de San Juan
Pedro Bugim na conquista da "Pilsener" (IVsup E1 - 23m), Acantilado de San Juan

Os lances iniciais são relativamente simples, mas que necessitam uma abordagem delicada, já que a rocha era basicamente em conglomerado. Nestes casos, qualquer agarra pode ser uma armadilha em potencial, além da preocupação com o local de posicionamento das proteções ser redobrada. A chuva ia e vinha, mas de forma branda, o que não chegou a atrapalhar, mas o pior mesmo era o vento... Por várias vezes, recebia lufadas tão fortes, que quase me sacavam da parede!


Pouco a pouco os lances foram vencidos e após cinco chapeletas intermediárias e uma parada dupla no topo, estava criada a "Pilsener" (IVsup E1 - 23m). Confesso que a graduação foi um pouco abaixo do esperado, em compensação, os lances são muito bonitos e a sequência como um todo, muito prazerosa!

Pedro Bugim rapelando a "Pilsener", após a conquista. Acantilado de San Juan
Pedro Bugim rapelando a "Pilsener", após a conquista. Acantilado de San Juan

Ainda sob forte vento e clima bem feio, resolvi investir em uma outra linha, mais à esquerda, desta vez, nitidamente mais desafiadora. Inicia em pequenas agarras e um pouco de aderência. Depois, alguns lances mais fáceis em uma "passarela" até chegar a uma bonita e bem definida aresta, na qual se concentram os lances mais complexos. Boa verticalidade, pequenas agarras e lances "elásticos" resumem as passadas protegidas por três chapas nesta parte. O trecho superior possui graduação menos elevada, mas ganhou o tempero de ter as proteções um pouco mais espaçadas, finalizando em uma parada dupla. Via espetacular, batizada como "Club" (VI E2 - 28m).


Ambas foram conquistadas com chapeletas PinGo, rapeláveis. E o setor foi batizado como "Setor de las Cervezas", afinal, Pilsener e Club são as marcas locais mais famosas... e as quais consumimos em larga escalada durante nossa estada no Equador (hehehehe). Com a piora do tempo, acabamos impedidos de investir em novas linhas, mas o potencial no local é impressionante!

Como a viagem foi divida entre altas montanhas, conquistas e turismo, o saldo foi bem positivo. Mas com tanto potencial para novas vias no país, fica aquela gostosa sensação de "quero mais"... Quem sabe em breve.... Na semana final da viagem, ainda fizemos turismo pela região conhecida como "Baños" e fomos ao Chimborazo... mas como dito, isso fica para um próximo post! ;-)


Agradecimentos infinitos à Laurinha, por toda parceria, amor, compreensão e "saco" de aturar horas e horas de temperaturas negativas na parede, só para me ver sorrindo como uma criança! Te amo!

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