Após começarmos a viagem com uma bonita via na Pedra da Boca, seguimos para outra região, onde conquistamos a primeira via em uma linda parede, totalmente virgem!
Depois de passarmos o primeiro final de semana da nossa viagem à Pancas / ES no camping Cantinho do Céu, e termos conquistado a "Literalmente Lateral" (D2 2º IVsup E2 - 325m - Mista), na Pedra da Boca, levantamos acampamento, e, na segunda feira, dia 21 de setembro, rumamos para a pousada Recanto das Montanhas, na qual já haviamos realizado reserva antes mesmo de viajar.
O Recanto das Montanhas, assim como o Camping Cantinho do Céu, foi largamente recomendada pelo amigo Redi Siqueira, a quem agradeço imensamente pelas valiosas dicas da região! E a recomendação não poderia ter sido melhor: trata-se de uma pousada a poucos minutos do centro da cidade, rodeada por belíssimas montanhas, com uma deliciosa piscina e ótima área externa com cozinha e banheiros. Os quartos são muito bem cuidados e aconchegantes, além de ser gerida pelo Hiarley, uma pessoa incansável na tarefa de prestar um bom serviço e ser o mais prestativo quanto possível!
Eu e Laura passamos a segunda feira em frente ao notebook, trabalhando, mas inúmeras vezes, perdendo a atenção, para apreciar a bela vista que tínhamos da pousada, com paredes enormes dos dois lados do vale. E o mais impressionante, foi descobrir que nestas mesmas paredes, não havia uma única via de escalada aberta!
De acordo com o Hiarley, grande entusiasta dos esportes de montanha na região, um de seus sonhos seria ter uma via logo atrás da pousada, desejo este que não deixaríamos de cumprir! Portanto, na terça feira, dia 22/09, acordamos bem cedo e, na companhia do próprio Hiarley, segumos de carro por uma estradinha de terra até próximo à parede.
Abaixo, as coordenadas para acesso à base da via:
Desde o ponto em que estacionamos, voltamos um pouco pela estrada e entramos em uma trilha incipiente que havia em meio ao matagal. Segumos por esta trilha relativamente bem definida até um rio de pedras, seco, onde ingressamos, ganhando altura com certa velocidade. No trecho final para a parede, foi necessário bater um pouco de facão, o que atrasou um pouco o progresso. Levamos exatamente uma hora, do carro à base.
Por serem costões fáceis, o Hiarley nos acompanhou nos primeiros 40 metros da via, descendo em seguida. Deste ponto em diante, a via começa paulatinamente a ganhar verticalidade, com um ou outro lance que demande atenção, mas sem grandes obstáculos, até a quinta parada. Neste início, predominam lances de 2º e 3º grau, com poucas passadas de 4º, sempre com proteções fixas justas, a cada 15 metros, no mínimo (salvo alguns raros lances de costão, com proteções de 30 em 30 metros).
Da quinta enfiada em diante, a parede ganha considerável verticalidade e os lances ficam mais puxados. A sequência antes de chegar à P6 é muito interesante, feita em pequenas agarras e com boa proteção, em lances de 5º grau.
Já a sétima enfiada, que parecia ser tranquila, se mostrou a mais trabalhosa da conquista, consumindo um tempo precioso, pois cada lance foi feito com máxima atenção. Pouco a pouco os metros forem sendo vencidos e após muito suor, estávamos com a P7 estabelecida. Deste ponto em diante, há um costão "burocrático" de 30 metros, que leva à crista da montanha e final da via. Infelizmente, a vegetação é tão abundante e densa, e o calor estava tão absurdo, que decidimos não varar mato até o cume.
Após algumas fotos, iniciamos nosso rapel, aproveitando para intermediar alguns lances que haviam ficado mais expostos, chegando à base por volta das 14h. Na trilha de volta, ainda batemos um pouco de facão, para consolidar o caminho, além de posicionar uma chapeleta em um costão próximo à base, para eventual descida com auxílio de cordas, no caso de chuva.
O retorno ao carro se deu às 15h, totalizando exatas 8 horas de atividade, em um dia que, felizmente, o tempo estava nublado e com confortáveis ventos. Mesmo assim, o calor era intenso e o desgaste foi enorme. Algo normal, após a conquista de uma via com mais de 400 metros, em um único dia!
Por fim, batizamos a via de "Espaço Tempo" (D3 3º Vsup E2/E3 - 435m), assim como demos o nome da montanha de "Montanha do Recanto", em alusão à pousada "Recando das Montanhas". Trata-se de uma montanha que ainda não havia nome, com enormes possibilidades de novas vias, com acesso relativamente simples e uma vista simplesmente incrível! Todas as paradas foram duplicadas (de 60 em 60 metros), permitindo o rapel de forma confortável com duas cordas. Entretanto, é possível descer com uma única corda, já que existem proteções, no mínimo, a cada 30 metros, com chapeletas PinGo (rapeláveis).
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