A última das vias longas que conquistamos nesta viagem, mostrou-se como uma grata surpresa, não apenas pela bela linha que surgiu, mas também, pela incrível hospitalidade dos proprietários do terreno!
A história desta via começa no dia 24 de setembro, que estava reservado para alguma conquista mais longa, porém, com a chuva torrencial que caiu desde a tarde do dia anterior, nada pôde ser feito nas paredes. Mesmo assim, eu e Laura resolvemos tirar uma parte da manhã para explorar a região.
Pegamos o carro e percorremos estradas e mais estradas, de asfalto e de terra, buscando novas possibilidades, mesmo com a forte neblina que cobria a maioria das montanhas mais altas. Em um dos locais que passamos, uma parede bem imponente chamou a nossa atenção, sobretudo, por apresentar um acesso bem simples, sobre um cafezal. Paramos nosso carro em frente a um barzinho fechado, com uma residência ao fundo.
Pouco depois de estacionarmos, fomos recebidos pelo Jeferson e sua esposa, Camila, com quem conversamos durante um bom tempo, explicando as nossas intenções para com as montanhas. Pouco tempo depois, conhecemos também o Sr. José Maria, pai do Jeferson e proprietário de todo o terreno. Eles não apenas nos receberam muito bem, como também nos deram aval para possíveis conquistas naquela montanha, além de uma ótima aula sobre o cultivo do café! Passamos mais de uma hora nesta prosa gostosa, tendo certeza que retornaríamos em breve.
Foi então que, no dia 29 de setembro, um dia antes do meu aniversário, acordamos bem cedo e rumamos para a tão desejada parede. Mesmo estando bem cedo (por volta das 6:40h), Jeferson já estava acordado e nos recebeu com muita cordialidade, estranhando apenas sermos somente nós dois, para vencer tamanho obstáculo.
A trilha para a base dura menos de 10 minutos e segue sempre por uma estradinha de terra, por vezes até bem inclinada, mas sem nenhuma complexidade. E a base em sí, é extremamente confortável. As coordenadas de acesso podem ser acessadas pelo arquivo abaixo:
Começamos a conquista por volta das 7:15h, vencendo as quatro primeiras enfiadas em cerca de uma hora, haja vista os lances serem de, no máximo, 3º grau. Deste ponto em diante, a via segue uma incrível canaleta / veio de cristais, sempre em diagonal para a eaquerda, hora por lances bem fáceis, hora por lances mais puxados, de 4º grau, mas sempre muito bonitos.
Após a P5, a via ganha considerável verticalidade e segue por lances em pequenas agarras, aderência e alguns buracos, sendo o crux da via (5º grau), tendendo sempre a subir em diagonal para a direita.
A sexta enfiada, embora tecnicamente mais simples, segue com grande constância em 4º grau, tornando esta, uma enfiada muito interessante! Já a sétima e última enfiada, apesar de contar com algumas bonitas cristaleiras, perde consideravelmente a inclinação, assim como a complexidade dos lances, até a parada final.
Todas as enfiadas contam com proteção bem justa, sendo mais espaçada nos lances fáceis, tornando-se mais próxima nos lances mais complexos. De todo modo, em toda a sua extensão, a distância máxima entre as chapeletas é de 15 metros, sempre com paradas duplas a cada 60 metros, para rapel com duas cordas. É possível descer tambem com apenas uma corda de 60m, rapelando de chapas únicas (todas as chapeletas da via são do modelo PinGo, rapeláveis).
Chegamos no final da via pouco após o meio dia, parando rapidamente para nos hidratarmos e tirarmos algumas fotos. A descida, embora longa, foi rápida, atingindo a base novamente, às 13:30h. Ou seja, a conquista inteira foi feita em pouco menos de 6 horas. Um pequeno detalhe, foi a adição de uma parada dupla no meio da quinta enfiada, para que, durante o rapel com duas cordas, evite-se fazer logas diagonais (vide croqui).
Ao descer, fomos agraciados com uma cerveja gelada no barzinho do Jeferson, que, apesar de estar ainda fechado pelo horário, foi reaberto apenas para matar a nossa "sede". Aproveitamos para conversar mais um pouco com os amigos que fizemos, felizes demais com toda a atenção que nos foi direcionada.
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