Após uma série de informes sobre a péssima condição das proteções fixas da tradicional via Diedro Pégaso (ou Diedro Infernal), eu e Laura fomos fazer a sua manutenção, com aval do conquistador.
Histórico
O Diedro Pégaso é uma via datada de 1977, composta por duas partes bem distintas: o seu diedro inicial (que dá nome à via), feito majoritariamente em oposição, e toda a parte acima deste, feita em agarras, aderência e algumas poucas passadas em oposição.
Por tratar-se de um diedro com uma fenda perfeita, a parte inicial da via historicamente tem sido utilizada para treinamento de técnicas de oposição, fenda e posicionamento de proteções móveis. Enquanto que a porção superior da via, apesar de grande beleza, pouco era frequentada. Muito disso se explica pelo fato do diedro ser constantemente manutenido, recebendo proteções novas, ao contrário do resto da via, que ainda contava com proteções de 3/8, em péssimas condições e ainda da época da conquista.
Ocorre que em sua última manutenção, o diedro recebeu grampos de ½ polegada confeccionados em aço inox 304L, hoje em dia sabidamente problemáticos por conta do processo de soldagem não padronizado e certificado.
Problemática e equipamento utilizado
Com o problema das proteções em inox no início da via, unido aos grampos em avançado estado de corrosão da parte superior, uma nova manutenção se fez necessária.
As proteções selecionadas para substituição foram as chapeletas da marca Bonier, sendo a maior parte delas do modelo “pingo” (inclusive nas paradas duplas, pois permitem a realização de rapel sem a utilização de nenhum substrato) e outras poucas do modelo simples, da mesma marca. Os parabolts utilizados foram os de 3/8, também em aço inox, da marca Walsilva.
Todas as proteções fixas utilizadas na parte superior da via foram cedidas através do Fundo de Incentivo ao Manejo de Trilhas e Vias de Escalada (FIM-TE) da FEMERJ (14 no total). As demais proteções posicionadas no diedro (5 no total) para mitigar o risco de acidentes com os grampos inox foram doadas pelo escalador Antônio Paulo Faria. Além disso, todo o serviço de manutenção e troca dos tipos de proteção precedeu da anuência do conquistador da via, Antônio Carlos Magalhães (Tonico).
Dinâmica da manutenção
A chagada à base de deu às 10:40h da manhã, do dia 27/01/2018, sendo a via iniciada às 11:00h. Todo o material de manutenção foi carregado até a última parada da via, atingida às 12:15h.
Ao longo da subida, foram trocadas apenas três proteções, em pontos estratégicos, mantendo a cordada em segurança nos pontos mais críticos, como a segunda e terceira parada, além de um lance na segunda enfiada.
Assim sendo, o serviço de substituição das proteções foi feito praticamente todo durante a descida. Todas as 19 proteções da via foram substituídas, sendo retirados:
a. 1 grampo de ¼ em aço carbono (stubai)
Este foi retirado com extrema facilidade, o que já era esperado. O olhal se perdeu no processo, por ter quebrado já na terceira marretada.
b. 4 grampos de 3/8 em aço carbono
Todos foram retirados com facilidade, fazendo-se um talho na base e marretando de um lado para o outro até quebrar. Grampos 1 a 4.
c. 9 grampos de ½ em aço carbono
Em sua maioria, mesmo os grampos com alta corrosão, apresentaram boa resistência para serem quebrados (grampos 5 a 12). Dois deles apresentaram fragilidade na solda, após poucas marretadas, sendo o olhal totalmente desprendido do tarugo (grampos 5 e 9). Um dos grampos de perdeu no processo, não havendo foto do mesmo.
d. 5 grampos de ½ em aço inox
Quatro deles foram retirados com o método de dar um talho na base e logo após, quebrando-os com sucessivas marretadas laterais, apresentando as dificuldades inerentes deste processo, mas sem apresentar fragilidade no tarugo (grampos 13 a 16. Um deles foi totalmente sacado, após ficar frouxo com uma boa quantidade de marretadas laterais (grampo 17).
Toda a manutenção foi finalizada às 15:00h. Contribuiu para o serviço o tempo nublado que fazia, assim como o agradável vento que amenizava o forte calor inerente à época.
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