Quatro dias disponíveis, tudo pronto para uma mega viagem de conquistas, mas ao ver a previsão do tempo: Feriadão com chuva.... e agora?!
Dia 12 de outubro de 2018, dia das crianças, sexta feira. Dia 15 de outubro de 2018, dia do comércio. Opa! Feriadão com 4 dias na alça de mira! Comprei um estoque de chapeletas, organizei todo o equipamento e me preparei para uma conquista longa, provavelmente com bivaque na parede e tudo, em Espirito Santo. Ao se aproximar das datas previstas, o tempo estava bizarramente fechado, com ventos e chuvas fortes. Ok... ainda estávamos no Rio de Janeiro, de modo que ainda havia esperanças. Mas ao consultar alguns dos principais sites de meteorologia, tive uma péssima notícia: Tanto no RJ, quanto em alguns Estados adjacentes, a previsão era de tempo ruim durante todo o feriado.
Acredito que isso poderia desanimar qualquer pessoa "normal", mas um bom montanhista que se prese, sempre encontra meios de estar em contato com a natureza, conhecer novos lugares, explorar novos horizontes e, principalmente, estar em companhia de bons amigos.
Com este pensamento em mente, eu e Laura conversamos com o Waldecy Lucena (vulgo "Wal"), que estava com uma excursão oficial pelo CERJ marcada para a Serra do Funil. Eu não fazia ideia de onde isso ficava, tão pouco do que encontraria por lá. Mesmo assim, mudamos completamente o planejamento e lá fomos nós rumo ao desconhecido.
A Serra do Funil se localiza no município de Rio Preto, no Estado de Minas Gerais, divisa com o Rio de Janeiro, pouco após a cidade de Valença, representando uma viagem (de carro) com cerca de 200km com duração de pouco mais de três horas. Apesar dos quilômetros finais serem feitos em estrada de terra, o trajeto é bem tranquilo e não representa obstáculo a qualquer carro comum.
Nosso destino inicial foi a Pousada do Tiê, localizada bem aos pés da Serra do Funil, local bem estratégico para as atividades que faríamos. O acesso à pousada é bem tranquilo e o ambiente é bem amigável. São disponibilizados chalés de casal ou compartilhados, com uma infraestrutura bem razoável, contando com churrasqueira, piscina, wi-fi, café da manhã e refeições (as refeições são pagas à parte). Para nosso azar, o wi-fi não funcionou durante o feriado todo, além de termos alguns problemas com a limpeza do local e falta de água nas áreas comuns. Enfim, nada que abalasse nossa animação!
O dia 12/10, nosso primeiro dia por lá, foi basicamente reservado para a viagem de ida, assentamento nas instalações (principalmente eu e Laura, que acampamos, devido à lotação dos chalés) e para aproveitarmos a piscina.
Já o dia seguinte, foi destinado ao foco principal da excursão: a ascensão ao Pico das Três Divisas (recebe este nome por fazer divisa com os municípios de Rio Preto, Olaria e Lima Duarte). Trata-se de uma caminhada que inicia aos 880m de altitude, indo aos 1650m de altitude do cume da montanha, com cerca de 5 quilômetros de trajeto (tracklog de terceiros por ser visto aqui).
Nossa jornada teve início às 8:45h, quando estacionamos os carros ao final da estrada que leva à entrada das trilhas do Pico das Três divisas e de outras atrações do local. Neste ponto, um fato inusitado... ao estacionar, nosso querido Wal queria manobrar para deixar o carro já de frente para a estrada de retorno. Pois bem, manobrou, manobrou, manobrou... e mesmo ao grito dos que estavam em volta, ora pois, continuou manobrado, alheio ao fato que voltara à mesma posição de quando chegara!
A caminhada começou em terreno relativamente árido, com subidas constantes e um calor de dar inveja ao capeta! Mesmo assim, o grupo (formado por mim, Laura, Wal, Bianca, Michelle, Carrera, Luciana, Tchassa, Arthur e Hernando) enfrentou o calor abafado da região e tocou para cima em ritmo forte, até ser surpreendo por uma cascavel tomando sol no meio da trilha! Passado o susto e a sequências de fotos da "coleguinha", voltamos a subir em ritmo mais lento e atento o redor. Ainda bem! Pois alguns metros acima, um novo encontro com outra cobra (desta vez não conseguimos identificar a espécie) que vorazmente pulou (mesmo!) em cima do Wal, poderia ter tido um desfecho bem desagradável, caso ele não estivesse atento.
Mesmo com os contratempos das cobras e do calor, conseguimos atingir nosso objetivo às 11:45h, exatas duas horas depois do início. E no cume, a comemoração veio com as cervejinhas "imbecilmente geladas" (de acordo com o Arthur), que eu levara na mochila.
A descida transcorreu sem maiores infortúnios e por volta das 14h já estávamos nos carros, em direção ao Rancho Pé da Serra, onde paramos para uma merecida cervejinha, uma deliciosa porção de aipim e uma ótima conversa com o dono do estabelecimento, o Gabriel. Depois, fomos em busca da Vila do Funil, para comprarmos alguns mantimentos. Neste ponto, o sol escaldante deu lugar a um céu negro, sinistro, que em poucos minutos desabou em forma de tempestade, ventos e raios. Muitos raios! No retorno, tivemos que esperar uma árvore caída ser retirada à moda antiga, com uso de um machado. E chagando à pousada, tive a infeliz visão da minha barraca prostrada a cerca de 100 metros de sua posição original... voou com tudo dentro, devido à ferocidade da tempestade que passou por lá. Mas, dos males o menor: poderia ter voado em direção ao lago existente ao lado de onde estava armada!
Barraca novamente fixada, banho tomado, missão cumprida. E finalmente pudemos nos voltar às comemorações, na forma de um delicioso churrasco (com direito à churrasqueira exclusivamente vegetariana), cerveja gelada e muita animação!
Para nosso último dia em Rio Preto, optamos por conhecer as cachoeiras do Café e Amorosa. Ambas com trilha saindo do mesmo ponto em que iniciáramos a trilha do dia anterior. Apesar de estramos procurado uma atividade mais leve, a caminhada se mostrou mais exigente do que o apontado pelas placas locais. Para a cachoeira Amorosa, há uma trilha de 1,7Km, com desnível de cerca de 500m. Já a cachoiera do Café, mostrou-se um pouco mais suave, com uma trilha de meros 550m. Ambas extremamente belas e que sem sombra de duvidas, valem à pena a visita.
Como muitos trabalhariam na segunda feira e o tempo teimava em não colaborar, eu e Laura decidimos voltar com todos, no domingo à tarde. Decisão mais do que acertada, haja vista que não pegamos nenhum trecho e engarrafamento, considerando a volta do feriado.
Foram três dias perfeitos, em companhia de pessoas maravilhosas e em um local espetacular! Obrigado a todos pelos momentos inesquecíveis!
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